16 maio 2007

Vejam este mail que recebi hoje...

CALEM-ME A CRIANCINHA QUE NÃO CONSIGO MASTIGAR
João Miguel Tavares
Jornalista DN
jmtavares@dn.pt

Estava Miguel Sousa Tavares na TVI a comentar a nova Lei do Tabaco quando da sua boca saltou esta pérola: o fumo nos restaurantes, que o Governo quer limitar, incomoda muitíssimo menos do que o barulho das crianças - e a estas não há quem lhes corte o pio. Que bela comparação. Afinal, o que é uma nuvenzinha de nicotina ao pé de um miúdo de goela aberta? Vai daí, para justificar a fineza do seu raciocínio, Sousa Tavares avançou para uma confissão pessoal: "Tive a sorte de os meus pais só me levarem a um restaurante quando tinha 13 anos." Há umas décadas, era mais ou menos a idade em que o pai levava o menino ao prostíbulo para perder a virgindade. O Miguel teve uma educação moderna - aos 13 anos, levaram-no pela primeira vez a comer fora.

Senti-me tocado e fiz uma revisão de vida. É que eu sou daqueles que levam os filhos aos restaurantes. Mais do que isso. Sou daquela classe que Miguel Sousa Tavares considerou a mais ameaçadora e aberrante: os que levam "até bebés de carrinho!". A minha filha de três anos já infectou estabelecimentos um pouco por todo o país, e o meu filho de 14 meses babou-se por cima de duas ou três toalhas respeitáveis. É certo que eles não pertencem à categoria CSI (Criancinhas Simplesmente Insuportáveis), já que assim de repente não me parece que tenham por hábito exibir a glote cada vez que comem fora - mas, também, quem é que acredita nas palavras de um pai? E depois, há todo aquele vasto campo de imponderáveis: antes de os termos, estamos certos de que vão ser CEE (Crianças Exemplarmente Educadas), mas depois saltam cá para fora, começam a crescer e percebemos com tristeza que vêm munidos de vontade própria, que nem sempre somos capazes de controlar.

O que fazer, então? Mantê-los fechados em casa? Acorrentá-los a uma perna do sofá? É uma hipótese, mas mesmo essa é só para quem pode. Na verdade, do alto da sua burguesia endinheirada, e sem certamente se aperceber disso, Miguel Sousa Tavares produziu o comentário mais snobe do ano. Porque, das duas uma, ou os seus pais estiveram 13 anos sem comer fora, num admirável sacrifício pelo bem-estar do próximo, ou então tinham alguém em casa ou na família para lhes tomar conta dos filhinhos quando saíam para a patuscada. E isso, caro Miguel, não é boa educação - é privilégio de classe. Muita gente leva consigo a prole para um restaurante porque, para além do desejo de estar em família, pura e simplesmente não tem ninguém que cuide dos filhos enquanto palita os dentes. Avós à mão e boas empregadas não calham a todos. A não ser que, em nome do supremo amor às boas maneiras, se faça como os paizinhos da pequena Madeleine: deixá-la em casa a dormir com os irmãos, que é para não incomodar o jantar.

14 comentários:

cbarata disse...

Estes Tavares têm muito que se lhe diga. Às vezes dizem coisas por figura de estalo e o rigor torna-se fugitivo. Eu sou completamente contra as criancinhas berronas no restaurante. Levei os meus filhos muitas vezes e, se lhes desse para o berranço (coisa de que não me lembro e que pode ter sido levado da minha memória pelo tempo), com certeza que eu ou os punha na rua ou vinha cá para fora com eles. Tenho muita vergonha de chatear os outros.
Só que as bocas do Tavares (Miguel) dão boas crónicas de classe ao Tavares (João).

Anónimo disse...

eu tb ouvi o MST e , tantas são as vezes em que fico estupefacta, com as burrices q ele diz, como com as verdades, que embora brutamente ditas, são verdades e acertadas! Só que ás vezes não é fácil destrinçar as coisas!

E como o Barata diz, eu dificil-mente aguento "berranços" de crianças, não só em restaurantes como em muitos lugares públicos, excepto os adequados para pais com crianças, locais ideais onde as crianças, podem livremente divertir-se e sere~-lhes proporcionados bons momentos principalmente ao ar livre!!!
Também sou mãe, fui uma mãe sortuda, pq embora tivesse criado a minha filha sózinha, nunca tive que sair de um restaurante pelos "berranços" dela ou inquietude, senão sairia!

Sorte ou não, são situações, que poderão parecer insensíveis, mas serão as pessoas no restaurante, que terão q ver o seu almoço ou jantar arruinado, quiça "à deux", que era suposto ter sido tão romântico!?

Gasta-se tanto dinheiro tão mal gasto em tt coisa dispensável - será que a questão de recorrer ao babysitting será assim tão dispendioso ou disparatado? A não ser que os pais costumem ir com os filhos comer fora vezes sem conta! Aí!!!!!!! cada um sabe de si!

Terá necessariamente que se considerar "exclusivo e chic" o facto de se arranjar uma babysitter e - já agora! Os pais deveriam pensar que ir jantar a dois será saudável, respeitável e calmo. E para aqueles pais,que acham que as crinças terão que estar com os pais todos os minutos da sua vida até começarem a ter permissão de sair com o/a namorado/a - aí já não tenho nada a dizer!!!!!!

Eu, na minha adolescência, quando achei que me já sentia responsável o suficiente para tomar conta de crianças, ganhei as minhas mesadas como babysiter. E não foram poucas as vezes!

Desculpem-me, mas isto daria pano para mangas. E eu não sou, nem pretendo ser nem educadora, nem crítica de opinião pública e muito menos "santinha".

O discurso vai longo! O assunto não é complicado, é só questão de ponderar, mesmo para aqueles que nunca tiveram nem pensen vir a ter filhos.
Beijinhos

Anónimo disse...

ó paulinha, quem quer que te mandou esse mail - foi O J. M. Tavares? Não creio!

Não quero ferir sentimentos a nenhum pai ou mãe, salve-se aqui o meu comentário.

Este é um tema muito complexo, e eu que adoro crianças, e quantas vezes já brincámos com a minha aparência e desejo de ter tido uma bela equipa de filhos!

Mas acreditem que, o diferenciar e regular os locais, as horas e com quem se pode fazer acompanhar dos filhos para todo o lado é uma ciência de...faltou-me o termo...porque não o acho!)

Acreditem que quem pensar bem neste assunto! O querer levar sempre os filhos para sítios, onde nem as próprias criancinhas se sentem bem é uma virtude.

Será que nenhum de vós (pq eu lembro-me) se lembra de na infância ou na adolescência ter alguns traumazitos de sermos obrigados a acompanhar os adultos a sítios que não tinham nada a ver connosco, queridas crianças!?

É uma prova de amor, acreditem, podermos, sem remorsos, ir jantar fora, sem as crianças, e proporcionarmo-nos e proporcionar-lhes momentos de pura harmonia e felicidade. Obviamente depende das idades e...

Na Arrábida, os pais vêm, as crianças vêm, os músicos vêm - e esses sim fazem barulho - os de cabelo ralo vêm, o cão está cá! Que harmonia!

Welcome everyone

Anónimo disse...

Ah esqueci-me das Rondettes - essas também podem vir!

E maestros e ( estimada maestrina ). Ó Ilda tu és considerada maestrina ?
E médicas e amigos de amigos de amigos de amigos.

bj

Paula disse...

Quem me enviou o mail foi a minha cunhada Madalena e a Madalena Caninas. Em relação ao teu comentário, de facto dá pano para mangas, cortinados, lençóis, etc. Em relação ao de cabelo ralo, esse deve de responder só amanhã, pois hoje estão todos ocupados lá para os lados da Chamusca. Que tenham um bom concerto!

Beijos grandes a todas.

mcaninas disse...

Pois eu já tinha mais de 13 anos quando fui almoçar a um restaurante. Não me lembro qual foi, mas tenho a certeza que se me passasse pela cabeça chamar a atenção dos restantes presentes, teria logo a repreensão silenciosa da minha mãe abrindo bem os olhos.
Mas também, se as criancinhas podem andar em cima dos sofás, berrar com os pais, bater com os garfos nas mesas, riscar os móveis, partir os brinquedos dos irmãos, comer quando e o que querem, (é melhor parar!), quem é que consegue convencê-las que do que podem e não devem fazer no restaurante? Não há milagres!

mcaninas disse...

Só mais uma coisa: abençoados pais que deixam as crianças sujarem a roupa, trepar, correr, esmurrar os joelhos, andar de bicicleta sem "rodinhas", comer areia, saltar à corda, entalar a mão quando a tampa da sanita cai, dar uma cabeçada na mesa da sala... Por isso é que quando se lhes pede para subirem no espaldar...
Ainda me arrisco de ser acusada de as traumatizar.

Anónimo disse...

coitada ~Madalena - não é coisa que já não mr tivesse passado pela cabeça ! Tu - traumatizadora das crincinhas!!!!!

Bem, eu era tão doida pelo desporto ( excepto o Basket ) que se me tivesses apanhado como aluna, tu é que ficavas traumatizada!!!!!!

vou à fisioterapia e qd vier temos de postar sobre a festa do morango. Hasta luego!
Leticia

Marinho disse...

Não sou um grande fã do deste senhor (M.S.T.), mas tenho que lhe reconhecer pelo menos o mérito de, com a sua falta de delicadeza, trazer à baila um assunto como este que interessa a toda a gente, pelo menos dá azo a que todos os intervenientes e intrusos (eu e o Barata) deste blog desatem a comentar com todo o fulgor. Quanto à questão das criancinhas nos restaurantes, penso que cada caso é um caso, mas no meu especificamente era muito raro a criancinha em causa fazer qualquer tipo de reclamação chorosa (provavelmente porque o dinheiro escasseava e quando íamos ao restaurante era uma festa para toda a família, incluindo para o destabilizador em questão), excepto num pequeno snack-bar já frequentado pelos meus pais há largos anos, em que dono do snack-bar chegou a andar a servir à mesa comigo pendurado no colo dele (gostos estranhos que eu tinha na altura), onde mais tarde, nos tempos de escola eu e a minha rondete passámos tardes de namorisco, e onde claro tínhamos uma boa imagem no dito café, até ao nascimento do André, que mal entrávamos pela porta começava a mostrar o seu desagrado com alguns guinchinhos pouco simpáticos, claro que lá vinha eu ou a Paula cá para fora, com o agradável clima Sintrense, dar uma passeata com o bebé chorão. Isto durou os primeiros dois anos da vida do Sr. André, mas curiosamente só naquele local. É claro que hoje em dia não deixa de ter a sua graça ser o local preferido do André para irmos comer qualquer coisa. Mas a moral da história é... seja em restaurantes, cafés, livrarias, igrejas, lojas ou lá o que for, quem os fez que os ature, ou seja cabe-nos a nós pais tentar educar da melhor maneira as criancinhas para que não nos chateiem e muito menos chateiem os outros, é claro que com um bebé de meses é difícil, portanto nada como um bocadinho de ar fresco na focinheira para acalmar. Mas recordo-me de alguns anos estar num restaurante bem conhecido, no Algarve e ter calhado na mesa ao lado deste Sr. (M.S.T.), e na nossa mesa até havia bebés, que se portaram com toda a classe possível, não berraram nem incomodaram ninguém dos presentes, o mesmo não posso dizer desse Sr., que esteve uma boa meia hora a fumar um charuto, numa sala diminuta e com crianças presentes, eu como vocês sabem gosto bastante de uma boa cigarrilha, mas gosto tanto que tento guarda-la só para mim.
-Penso não fazia mal nenhum um bocadinho de ponderação antes mandar “bujardas” daquelas ò Sr. Miguel.
P.S.: Por falar em cigarrilhas ninguém tem Capitain Black, não?

mcaninas disse...

Márinho: já tinha pensado em ti. Ao que apurei o fornecedor deixou de as fornecer. Porquê? Ninguém me soube responder.

cbarata disse...

Estou estupefacto com esta animação!

Anónimo disse...

tu fodte o primeiro - ó da velha Dr.Karl-Augustus von Kakerlak.

Paula disse...

Ó Letícia tens de ter cuidado com os erros...isto é um blogue respeitável (ou não)

Anónimo disse...

eh, só agora é que vi!
grande pontaria - desta vez foi mesmo sem querer - foi à pressa, antes que a net pifasse!

Mas toda a gente sabe que eu sou respeitável q.b.

beijinhos e passas a ser a minha revisora literária, ok!